terça-feira, setembro 23, 2008

Mundos paralelos


Este fim de semana fui a um concerto onde as pessoas iam ouvindo a música e dançando, tipo um baile à moda de à 20 anos atrás. Foi giro recordar, e ver que na noite dos cotas, havia muita maltinha nova e que estava a gostar! afinal as gerações podem encontar-se... LOL

Mas neste baile houve uma coisa que me fez pensar, ao pricipio pensei que fosse uma bailarina da concerto, mas se fosse era um bocado desengonçada, depois soube que era uma senhora que teve um grande problema à pouco tempo e ficou assim.

Andava lá, pelo meio dos outros pares, a fazer poses de bailarina, como se tivesse 4 anos, vestia uma t-shirt e calças de ganga e fazia pliés, alongamentos, esticava um pé para cima, rodopiava, depois andava um pouco, fazia mais um arabesco e passou assim a noite.

Nunca a vi falar com ninguém, nunca ninguém lhe falou. Ali quase todas as pessoas a conheciam e ela conhecia toda a gente. alguns perguntavam-se se estaria bêbada, mas para ter tanto equilibrio como mostrava, não podia ser. E a forma como olhava e não via mostrou-me que algo dentro dela estava mal, muito mal.

Mostrou-me também como todos podemos ser crueis, ela estava ali, toda a gente via que estava "mal" embora sorrisse, e ninguém, absolutamente ninguém sequer lhe disse boa noite.

Ela parecia transparente, avançava, recuava, passava por todos e ninguém nunca olhou para ela. Parecia uma borboleta a esvoaçar entre os pares que dançavam, mas se fosse uma borboleta alguém a seguiria com o olhar. Mas ninguém olhou sequer.

Isto assustou-me, apavorou-me mesmo. À pouco tempo esta era uma senhora conhecida em toda a terra, com a sua familia, o seu emprego, a sua normalidade e toda a gente a via. De repente, por seja que razões fossem, o mundo dela já não é o nosso. E por perto que os dois mundos estejam, podem passar encostados, mas não se tocam. Nunca!

Isto fez-me pensar que infelizmente todos estamos a um passinho de pirar, basta um clic, e depois ficamos assim como ela, transparentes. Sem amigos, conhecidos, nada.

Isto bateu-me mesmo muito forte.




Jokinhas e portem-se bem mal.

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